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domingo, 18 de dezembro de 2011

Acreditar cegamente em suas próprias convicções é 
ter o direito de ir e vir...dentro de uma prisão.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Perceber e admitir que alguém está em outro nível em relação
ao seu é o primeiro passo para tentar medir a distância
que os separa, afim de tentar percorrê-la.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011



Há pessoas que são tão chatas, mas tão chatas, 
que até quando nos mandam um e-mail 
este diz: SEM ASSUNTO. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


...quarta, quinta, sexta, semana passada, naquele ano...
É o tempo que passa? Ou são as pessoas? Ou seriam os lugares?
Onde está a minha ligação com a vida? Para onde foi aquela chamada perdida?
Onde estará o meu passado?  E as portas fechadas, o que guardam? E o mar aberto, o que ele liberta?  E as crianças no parque, à tardinha? Eu já estive ali? E as minhas estradas? E entranhas? E tudo o que já foi dito aos ouvidos dos séculos?  E todos os corações que se partiram? E os casais que se amaram loucamente?
E as promessas que não foram cumpridas? E as esperas, que por causa daquelas, se deitaram em esperanças? (e nunca foram chamadas para dançar) E aqueles que nunca vieram? E o sorriso que um estranho me deu num momento de cômica ternura que compartilhamos; o que foi aquilo? Eram apenas dois animais da mesma espécie que se reconheceram, sem se conhecer?  E o bichinho de estimação que te recebia quando você chegava em casa, há quanto tempo já se foi? E aquilo que se quer fazer, mas não se pode? Quando faremos? E as pessoas que amamos, por que as amamos?  E aquelas pessoas que são a nossa personificação de paz? (são lindas, sem mais!) Por que as coisas que são feitas com sentimento e verdade possuem tanto o meu respeito, e o meu olhar? Por que sinto tanta vontade de apertar de novo aquelas mãos?  Por que eu dou gargalhada à vontade, mas quando as saudades apertam (e a vida simplesmente parece que para) eu sinto uma violenta vontade de chorar?  Por que a vida teima em destruir as minhas certezas? Eu não sei... Eu não sei. Tenho a minha forma de ver a vida, e ouvir os silêncios.Tenho o meu jeito de sentir as coisas, e hoje conheço bem a minha voz. Penso que entender é trazer o mundo para a minha linguagem, e não entendo. Às vezes eu sinto medo do tempo: quando tenho em mãos foto antiga, e no espelho, o eu de agora. Sinto medo do tempo que se alimenta de mim, da matéria prima que me faz jovem, do tempo que mesmo se decifrado fosse, ainda sim me devoraria. Tenho medo do tempo que vem enchendo minha memória, do tempo que foi embora, e do que prometeu chegar, mesmo sem dizer se traria boas novas, ou sofrimento... (tempo, por que você não dá um tempo?).
Medo do tempo que me fez crescer, e me ensinou o quanto sou pequeno. Do tempo que me faz achar, por um lado, que a vida é o pior dos inimigos, mas que por outro, é de uma infinita beleza... Às vezes eu sinto medo do tempo, mas é só às vezes, só às vezes, e já faz algum que eu não tenho nada para dizer...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011


Triste verdade: 
Hoje, no Brasil, as crianças atrasadas são aquelas que não bebem, 
não fumam, e ainda gastam seu tempo com as brincadeiras dos pais.
Para quê ter talento se você pode ganhar 
a vida sendo cantor de Funk?

sábado, 1 de outubro de 2011


Na verdade, nunca amadurecemos;
vamos apenas mudando as formas de demonstrar a nossa imaturidade.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O último sonho


Tive a atenção fisgada por uma reportagem a respeito de pessoas idosas que sofrem com o abandono dos familiares e entes mais próximos, passando a viver numa solidão uníssona.
Vi o caso de um senhor que morava só, num apartamento sujo. Tinha uma vida triste, disse que não tinha mais ninguém, exceto sua esposa, a qual também não morava com ele, mas o visitava de tempos em tempos. Ela, perguntada pela repórter o porquê do abandono, respondeu que o marido a maltratava, e por isso ela o deixara. Confesso que me senti mal ao ver aquela reportagem, o ar de tristeza era maior que a bela vista que se tinha pela janela do apartamento. Fiquei tentando imaginar o teor do sofrimento daquele senhor, tão velho, tão só, sem esperança, vencido pela vida e pelo tempo, sem companhia, sem nada... Meu Deus! Imaginei se naquele homem antigo ainda restava ao menos algum sonho, foi quando a repórter fez a ele esta pergunta, e ele, sem olhar nos olhos dela, com o olhar para o nada, ficou um pouco pensativo, num silêncio longo... e passado um tempo, respondeu que sim. Confesso ter ficado surpreso, imaginei que ele tivesse a esperança de voltar ao convívio da família, dos filhos, netos, mas quando ouvi sua resposta, senti um arrepio invernal. Ele revelou que o último sonho dele era...morrer, simplesmente morrer.
Na pior das situações, seja ela qual for, há sempre um espaço para se ter um último sonho.

sábado, 20 de agosto de 2011

Escrever

Escrever é uma forma de apalpar a esperança,
de dizer que lambi o vento num
palito feito de sonho, e que passeei
 no lombo de uma nuvem, enquanto
sentia o cheiro do azul do céu, e no fim
do dia dormi no colo de uma estrela.
Escrever é um jeito de me explodir e
não mais saber quantos olhos, um dia,
 verão minha expansão. Escrever serve
para dar vida às coisas que não existem
(Eu disse: "Não existem"?).
Escrever é uma forma de permitir
que alguém, num futuro, leia os meus pensamentos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011




Quando criança, sempre ficava à espera do entardecer, pois era nesse horário que, no quintal da vizinha, começava o espetáculo dos pássaros. Muitos se recolhiam ao pé de jaca que lá havia, produzindo uma sonoridade que ecoava até os ouvidos do menino, e chegava  até os seus sonhos, fazendo-o  imaginar tantos outros mundos, outras vidas. Sentia vontade de voar também, e voava, com o sorriso, porém, ficava calado, apenas  escutando toda aquela confusão sadia . Gostava também de observar o por do sol, que alaranjava os seus olhos e o fazia sentir algo que ele só descobriria anos mais tarde: o prazer e o gosto pela poesia. A poesia do dia a dia, das lembranças, angústias, sonhos, a poesia do nada...
Mas anos antes de tal descoberta, ele sentiu-se traído, pois nem perguntaram se podiam destruir e levar embora aquilo que o fazia, às tardes e manhãs, presenciar o evento que já se  habituara: a sinfonia e orquestra passariniana. Simplesmente, derrubaram aquele símbolo, a moradia, o lugar onde, além dos pássaros, outros entes  que voam, também costumavam pousar : as pipas, que se perdiam no imenso e no infinito, até serem capturadas  pelo pé de jaca . Levou tempo para que ele se adaptasse  à nova paisagem, mais ampla, mas sem sombra, mais limpa, mas sem o cheiro bom e as folhas envelhecidas no chão . Tiraram um pedaço da vista daquele menino. Os anos se passaram as lembranças não, e parece ser por isso que hoje, toda vez que ele vê uma árvore grande, ele se sente voando...
...Voando para o passado.

domingo, 24 de julho de 2011



Da mulher que amo nada sou, e dos sonhos que tive, pouco possuo. Vejo as planícies e planaltos por onde o meu coração viajou, e nele há deserto e imensidão até onde a minha vista não alcança, mas também há coisas tão pequenas e sutis que quem pisa nem percebe, e não chega a ver a dor que se esfacela no desprezo. Da realidade que me achava certo, eu vivia como quem nada esperava, ou não sabia esperar, só vivia. De criança, apenas brincava, e minhas preocupações eram, para os outros, meras bobagens, e eu não sabia, mas o gosto das bobagens daquelas manhãs azuis de domingo nunca passou, e hoje, um estranho gosto de espanto me balança a alma, e é o mesmo que sinto quando o vento balança a roupa no varal, ou as folhas nos coqueiros. Hoje, o tal gosto de espanto, que eu desconheço a receita, tornou-me intenso e triste, realista, mas também sonhador, e me fez saber que a mulher que eu amo não existe, e que algumas pessoas são apenas sonhos que a gente tem, e que tudo isso, para os outros, continua a ser uma mera bobagem...
Olhe suas preferências:
ser tendencioso é a
maior das tendências.

sábado, 23 de julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Eu pensei que o meu amor fosse esperar, e que haveria tempo para que pudéssemos ajustar os nossos relógios no mesmo ponto. Eu achei que a esperança da sua presença, e esta, pudessem varrer a tristeza e o vazio que me sujam a alma. Pensei  ter encontrado em você uma boa seara para eu plantar as melhores sementes que há em mim. Pensei ser capaz de controlar o ciúme que me morde a garganta. Pensei em nós dois viajando um no outro, e nos perdendo, por nos desconhecermos. Pensei num horizonte de coisas para nós, só não havia pensado que eu fosse desistir tão facilmente da gente, e pelo simples fato de não ter certeza sobre o que você pensa e sente por mim.

(Estou partido, e quem é que nunca esteve? Estou partindo, e quem é que nunca partiu? Mas vou me recuperar, não é para isso que a vida serve?)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nos lugares onde deixei crescer o
meu olhar eu não te vi em momento

algum, mas quando o meu silêncio
cresceu no aperto do meu passo, eu te
senti ao meu lado. Imagem quieta, mas
que caminhava comigo.
Acho que já te materializei dentro de mim.

sábado, 18 de junho de 2011


O dia adia o nosso encontro, pronto!
Eis as constatações:
De uns tempos para cá a vida
anda tão igual(ou será que fui eu que mudei?)
Nesse período, dias e noites foram
tocados com as mesmas notas, mas em
tempos diferentes.
Na TV, os mesmos programas de sempre,
trazendo o mesmo entretenimento,
e este, produzindo monólogos
que silenciam famílias.
Nas ruas, os carros correm, as pessoas
também, os corações batem, porém não
se tocam, as pessoas se olham mas não se veem ...

No meu peito há confusões
soluços e soluções convergindo
e criando um vento de vida.

Vejo um mundo que se tornou tonto,
(talvez por dar tantas voltas e não chegar a lugar nenhum)
Guerras explodem com proporções enormes, aqui e ali,
mas poucas pessoas sabem, e se sabem, pouco se importam .
O dia-a-dia sem você me permite
perceber o que me envolta, e tudo isso para eu saber
que se você estivesse por perto
eu estaria bem mais feliz.

domingo, 5 de junho de 2011

Fica sempre essa esperança de te
adivinhar a todo momento,
e de crescer contigo, te olhar
dentro dos olhos por alguns
instantes, e dar um sorriso leve
, passar a mão pelo seu cabelo, e
tocar sua cintura, e depois te
apertar contra o meu peito, te
respirando devagar, algo parecido
com as ondas do mar, quando
se entregam à areia da praia, e
depois se recolhem para aquela
solidão imensa, e te dizer, como
quem brinca, que a curva do seu
sorriso me faz perder toda a direção .

(Para ser poeta não é preciso ser um pessoa, basta ser pessoa)

domingo, 22 de maio de 2011

Interior


Azul, o céu invade a minha janela e eu a ela me incorporo.
Na rua sorrisos vestem-se de lábios pintados
e brincos brincam em orelhas, por detrás de cabelos pretos e
castanhos, vestidos rodam em corpos suados e você de
arco-íris, não sabe o quanto te quero.
A alma trêmula à revoada dos pássaros e vejo seu corpo
arrepiando-se ao passear do vento, ah!Que momento.
Você ao me ver vem me cumprimentar,
o que teria feito eu para merecer tal atenção?
Não sei, mas pouco me importo, apenas te beijo.
Quando você se vai, há um lugar a mais na minha
calçada e uma saudade a mais no meu coração...
Os vestidos, os brincos e os sorrisos começam
a se distanciar, meu irmão pergunta
onde a mãe colocou o copo dele tomar leite
e eu percebo o quanto nossas vidas
estão atreladas ao devenir do tempo
e o quanto o tempo é curto para
aqueles que se divertem.

(Longe da cidade grande a idade ainda se expande um pouco mais devagar...)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sombra e dúvidas

 
                                
Às vezes eu invento loucuras, loucuras
tantas... Mas não é intencional.
Existe uma parte de mim que
não me pertence, parece ter vida
própria, e que se esconde, mas quando
resolve aparecer, nossa! Me domina.
Na verdade, minha mente mente para
mim, e eu acredito, e por acreditar, tomo
isso como verdade, e sigo, e isso tem
me ajudado a saber quem eu me torno
a cada dia, e ao mesmo tempo me
empurra para tentar descobrir
aquilo que são as minhas suspeitas.
É uma reunião de “Mins”, um diálogo
a sós, a descoberta dos meus “eus”, nus
e crus, tudo isso em face de uma
ininterrupta construção x desconstrução
das minhas verdades, dos meus “sins”, e
dos “nãos”, do que eu vejo em mim
como qualidades e como defeitos, diante
de todos os textos que há no lado de
dentro, e de fora, diante da possibilidade
de fazer muitas coisas, e impossibilidade
de tantas outras, a aceitação das minhas
fraquezas, e o apoio àquilo que me faz
forte, e depois, quando isso vai embora, eu
fico com a impressão de que ele vai se sentar
à sombra da minha alma...

domingo, 8 de maio de 2011

O poeta vive de poesia?
E esta, vive daquele?
Não sei, mas confesso
que me confessar é
muito difícil e que
um tal ritmo tem
embalado o meu

coração, que tem se
divertido no meio da
rua, dentro da água, aqui
e ali...ali no céu .

Quero escrever um
verso que tenha um
pouco de ternura, que
me eternize como abraço

que se dá em criança,
que tenha a leve beleza
de contemplar o seu sono,
e que ao acabar, espalhe o
seu perfume pelo resto do futuro .

Quero fazer um verso de
atenção e segurança, e que
ele seja um pouco de diário
para que quando você o abrir
descubra que numa dessas
muitas noites que se foram,
eu deixei escapar um devaneio
dizendo que “...ouvir a chuva passeando lá fora e dentro da madrugada
me fez sentir vontade de morar aí, dentro de você. “

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tenho veneração pela palavra
saudade, e respeito
pela palavra azul.

Há tempos que morro e
continuo morrendo, e
há dias que nasci e
continuo a nascer.

Tenho destruído todos os
meus sentidos quando
os uso, e vou me acumulando
para inundar-me e me
transbordar num poema.

Às vezes eu choro, e prefiro
pensar que minha alma está
varrendo a terra, e quando
me sento numa sombra, ela
me carrega para dentro
e eu sinto todo o universo
que eu nunca poderei ver.

Enxergo a paixão como
o amor quando ainda criança,
e prefiro chamar de loucura
as essas coisas maravilhosas
que sinto, mas que nunca
vou conseguir dizer.

Aprendi a gostar do “eu amo você”
que não é dito, mas fica implícito
naquele sorriso que eu
me reconheço como alvo.

Um poema me disse ser muitos
momentos em um só, e hoje...hoje um
verso me olhou como quem olha
de dentro da própria casa, saiu,
veio me cumprimentar, cravando
seu nome em minha mão.

terça-feira, 12 de abril de 2011


Por que ser início, meio ou fim?
-Eu prefiro é ser estrada.

Por que verão ou inverno?
-Eu estou no passar do tempo.

Por que o samba ou rock?
-Eu gosto é de música.

Por que a loira ou a morena?
-A mulher é o encanto.

Por que a praia ou interior?
-Eu gosto é de viajar.

Por que short ou calça?
-Eu quero é me sentir bem.

Por que não decide o que quer?
-O que eu quero é o momento
e tudo o que está por fora ou por dentro,
seja lá o que for.

Por que pensas assim?
-Não sei, e nunca vou saber,e se eu soubesse
deixaria de ser eu .

Por que és tão contraditório ?
-As coisas têm muitos lados; contradição
pode ser sinônimo de sua capacidade de perceber
essas nuanças, mas nem por isso, ter tanta certeza.

Por que não me deu as respostas
que eu queria?
-Porque eu falei o que eu penso,
e isso vai além do que você quer .

Por que és poeta ?
-Porque eu não tenho certeza.
Tem certeza disso?
-Também não!

( Espíritos como o meu nunca chegam ao final de nada...para eles , a chegada é o início de um novo retorno …)



sábado, 9 de abril de 2011

Não quero

Não quero dizer o que sinto, se o que sinto não modificar nada após eu dizê-lo...
Não quero me apaixonar por alguém que não tenha a mesma sorte que  eu tive...
Não quero mudar o mundo, se o mundo, por mim, não quiser ser mudado...
Não quero ser justo com aqueles que riem da justiça...
Não quero esperar as coisas acontecerem por elas mesmas, talvez elas nunca se sintam à vontade para  acontecer, só porque estavam  à minha espera...
Não quero permitir que o dia passe por mim, sem ouvir de mim um “bom  dia”...
Não quero que o nascer do sorriso de alguém que amo não me tenha como expectador ávido pela sua chegada...
Não quero desperdiçar o meu tempo com coisas que não me fazem bem...
Não quero perder meus amores, mesmo que para isso eu precise combater a mim mesmo...
Não quero me despedir de você sem saber que ambos ficaram à espera do reencontro...
Não quero pensar que terminei algo e depois de um tempo sentir a dúvida se errei ou acertei...
Não quero viajar só para dizer que viajei, quero sentir saudades de casa e quando voltar, querer voltar novamente...
Não quero acabar de fazer um poema, quero que ele se sinta à vontade, dentro ou fora de mim, dentro para se perder e fora para me encontrar...
(Texto que encontrei num caderno que usei em 2006, nem me lembrava mais)

quinta-feira, 31 de março de 2011

Descalço

Poema descalço caminha aqui dentro
olhos vestidos passam pela paisagem
pensamento viaja e traz na bagagem
aquilo que se chama momento.

Não possui a idade aparentada
e nem sabe quanto tempo dura
mas entende-se como uma gravura
que se joga de onde está grudada.

Areia nos pés, um vento que corta
não sei quem tu és, e isso não importa
o corte não sangra mas incomoda.

O menino cresceu mas ainda é criança
eu não sou mais seu, já danço outra dança
e tudo que me lembro, caminha aqui dentro .

quarta-feira, 23 de março de 2011

Quando o dia limpa a tinta
escura da noite, os pássaros se
iniciam pelo céu, e eu sinto um
cheiro de café recém nascido,
e o sol começa a caminhar
acima de nossas cabeças.

A minha intuição diz que
a minha intuição pode
se enganar, mas eu estou vivo, e
não há nada no mundo
que seja mais meu do que isso.

Às vezes o vento mente
e eu até penso que é gente,
mas logo eu que sinto como
se tivesse sido feito para o mar ?

À tarde, uma janela aberta liberta o meu olhar;
eu observo os meus amigos e as flores
(que para mim são sinônimos),
e saio de casa pela porta dos fundos
como quem estivesse ganhando o mundo.
(o mundo que diminuiu ao passo que eu cresci)


Penso em todos os portos e em todos os barcos
de todos possíveis, penso em todos os rios e rio,
penso estar andando nos telhados de todas
as casas e me deitando em todas as
redes, matando todas as sedes
que a minha alma possa vir a sentir,
e me engano.

Vivo como quem jardina
e de vez em quando tem uma louca
vontade de molhar a palavra, para cultivar
as flores que aparecem no túmulo dos
meus amores que foram embora...

...mas que ainda permanecem
por perto...







domingo, 13 de março de 2011

Um leitor

Aprendi nas aulas de português um conceito de texto “ ...qualquer unidade de comunicação “.
Então eu percebi que eu já sabia ler desde antes de aprender um pouco das letras. O que todo bebê faz quando entende que está com fome ou com dor?Chora, simplesmente chora, e qual é a mãe que não entende? As pessoas, que são iguais, são, ao mesmo tempo, extremamente diferentes, e quem não percebe isso? A vida é um texto em sua totalidade, e cada um a vê por um ângulo diferente, próprio, por assim dizer. A natureza em si, é um texto perfeito. Para mim, os pássaros cantando na copa das árvores estão dizendo que o dia vem vindo ou está indo embora, e ao mesmo tempo denunciam o seu plano de me fazerem bem. O vento soprando é como o médico, diz: “ respira e inspira, devagar “. O feixe de luz que entra nos pequenos espaços nas telhas fala que é hora de acordar. O silêncio me afirma, de maneira categórica, que eu sou capaz de ouvir. O tempo, essa espécie de andarilho-fantasma, que não se vê , marca o nosso rosto a cada passo que dá nos ponteiros do relógio, caminhando para o infinito. A saudade desenha nas lembranças um quadro de uma paisagem que não mais existe. A moça bonita, de vestido, faz um convite com o olhar e com um sorriso, e lê-se: “eu também gostei de você “.  As paixões chamam o nosso peito e falam “eu sou de verdade, e você?” Ah! O mundo está todo apinhado de textos esperando por seus leitores, e estes, na escrita de suas próprias vidas, irão perceber que há textos que a única forma de traduzi-los é sentindo-os, sem sermos capazes de explicá-los...na mais pura contemplação do seu silêncio, o qual pertence única e exclusivamente a cada pessoa .














Às vezes é triste;
percebo que sempre
a tristeza resiste.
 
Neste momento
me lamentar é o meu
maior lamento .

Não sei ser morno
ser seu amigo é tão chato
preferiria de ser seu corno .

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Orgulhoso


Não suporto a ideia de ter sido
tão orgulhoso a ponto de não
permitir ao menos uma simples
conversa entre a gente.

Fui mesmo muito pequeno
diante do que eu sentia.
(Mas confesso, você estava tão linda...)

As luzes, os convidados, as roupas
as bebidas, a música, os perfumes
a noite, tudo parecia ter sido feito
para aqueles segundos em que
os nossos olhares se encontraram .

Fiquei imóvel e em total silêncio
por alguns segundos, depois,
fiz aquela cara de paisagem
fingindo que estava tudo bem,
e que a sua presença ali
não era nem digna de ser notada,
mas por dentro, meu Deus!

Por dentro a guerra contra mim
mesmo já havia chegado à fronteira
que divide meu peito e minha garganta,
destruindo uma a uma as minhas defesas
fazendo o medo correr pelo meu sangue
e me dando a certeza de que se você
viesse me dar um abraço, apenas um
simples abraço, eu estaria em paz,
eu dormiria em paz, eu viveria em paz...

mas...você não veio, e eu não fui…
tomei alguns drinques,
joguei conversa fora,
observei um relógio com
os ponteiros parados, mas que
não impediram que o tempo e
a noite passassem tão depressa,

e hoje, depois de todo esse tempo
a lembrança e a certeza que ficam
são as de que você partiu e que o caminho
que você trilhou em mim ainda permanece aberto.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

 
Chegue e fique mais perto
que eu aperto o meu peito
contra o seu para saber que
é real, que somos reais e

que nos queremos,
e que nos queremos bem,
para saber que sou seu
mesmo que eu vá embora
e saber que és minha

mesmo sendo muitas,
e que também podes ir
ao passo que o seu coração
te pedir, e que a sala de espera
do meu coração fique vazia
até que você volte para preenchê-la,
e que eu me torne a tua companhia
e você, a minha.

Chegue mais para eu te
ensinar e aprender que de perto,
a pessoa amada possui o
tamanho do nosso abraço
mas de longe...ela deixa de
caber em nosso coração .

domingo, 16 de janeiro de 2011

Escrevo

Eu escrevo como quem caminha e depois de um tempo
para, para um descanso, e tem a ligeira impressão
de que é a estrada quem continua a dar os passos.

Escrevo como quem fica à beira da praia observando
a maneira como o sol entra de-va-ga-ri-nho,
na imensidão do mar, como se fosse tomar
um banho no fim da tarde.

Escrevo como se aqui dentro existisse uma tal
ventania, e como se as palavras fossem essa ventania
dando assovios, daqueles que a gente dá quando
queremos que alguém venha nos abrir a porta
para que possamos entrar e ficar a ouvir o
vento que há por fora.

Escrevo como quem percebe que mesmo quando
falamos, há sempre um lado nosso que fica em total
silêncio, e que, mesmo calados, o dialogo não cessa.

Escrevo como quem sobreviveu à morte da esperança.

Escrevo como quem tem saudade e a vê como
um traço de maldade filho da distância e do tempo.

Escrevo como quem precisa jorrar as palavras
para se conter.

Escrevo como quem se recorda...das antigas amizades,
da infância, dos amores que não viveu, das brigas,
dos corações partidos, dos silêncios,
dos fins de semana na casa dos avós...
escrevo mesmo como quem se recorda, e por isso
sente que se lembrar é uma maneira
de voltar a viver por dentro
aquilo que vivemos por fora.


terça-feira, 11 de janeiro de 2011


Eu me deixei em silêncio, e deu
para ouvir o meu peito sussurrando.
Imaginei tantas coisas, mas
nenhuma envolvia o
que estou sentindo agora.

De repente te enxerguei, e
quis gostar, me permitir,
e achei que fosse recíproco,
agora sei que gostei sozinho,
que imaginei sozinho,
que te quis sozinho,
e agora, ainda só, me perco,
sem sair do lugar.

Daqui de dentro eu me
pergunto quem emudeceu
a rua, quem deixou a madrugada
sem a nossa presença, e me
pergunto se é de dor que a cigarra grita.

Quero mesmo te dizer, menina,
sabendo agora que nunca fomos
nada, além de amigos, que eu
queria mais, mais que amizade,
mais que a rua deserta e calada,
numa madrugada fresca e primaveril,

eu queria ter você, não só
por dentro, mas ao meu lado,
ou em meus braços, no mais
tênue silêncio de um beijo no olho,
e que esse fosse o tempo bom

de que falam as canções, e que
durasse um bom tempo,
mas assim não o foi, não é?
E hoje eu nem mais espero,
e para falar a verdade...nem sei se desespero.