Páginas

domingo, 22 de maio de 2011

Interior


Azul, o céu invade a minha janela e eu a ela me incorporo.
Na rua sorrisos vestem-se de lábios pintados
e brincos brincam em orelhas, por detrás de cabelos pretos e
castanhos, vestidos rodam em corpos suados e você de
arco-íris, não sabe o quanto te quero.
A alma trêmula à revoada dos pássaros e vejo seu corpo
arrepiando-se ao passear do vento, ah!Que momento.
Você ao me ver vem me cumprimentar,
o que teria feito eu para merecer tal atenção?
Não sei, mas pouco me importo, apenas te beijo.
Quando você se vai, há um lugar a mais na minha
calçada e uma saudade a mais no meu coração...
Os vestidos, os brincos e os sorrisos começam
a se distanciar, meu irmão pergunta
onde a mãe colocou o copo dele tomar leite
e eu percebo o quanto nossas vidas
estão atreladas ao devenir do tempo
e o quanto o tempo é curto para
aqueles que se divertem.

(Longe da cidade grande a idade ainda se expande um pouco mais devagar...)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sombra e dúvidas

 
                                
Às vezes eu invento loucuras, loucuras
tantas... Mas não é intencional.
Existe uma parte de mim que
não me pertence, parece ter vida
própria, e que se esconde, mas quando
resolve aparecer, nossa! Me domina.
Na verdade, minha mente mente para
mim, e eu acredito, e por acreditar, tomo
isso como verdade, e sigo, e isso tem
me ajudado a saber quem eu me torno
a cada dia, e ao mesmo tempo me
empurra para tentar descobrir
aquilo que são as minhas suspeitas.
É uma reunião de “Mins”, um diálogo
a sós, a descoberta dos meus “eus”, nus
e crus, tudo isso em face de uma
ininterrupta construção x desconstrução
das minhas verdades, dos meus “sins”, e
dos “nãos”, do que eu vejo em mim
como qualidades e como defeitos, diante
de todos os textos que há no lado de
dentro, e de fora, diante da possibilidade
de fazer muitas coisas, e impossibilidade
de tantas outras, a aceitação das minhas
fraquezas, e o apoio àquilo que me faz
forte, e depois, quando isso vai embora, eu
fico com a impressão de que ele vai se sentar
à sombra da minha alma...

domingo, 8 de maio de 2011

O poeta vive de poesia?
E esta, vive daquele?
Não sei, mas confesso
que me confessar é
muito difícil e que
um tal ritmo tem
embalado o meu

coração, que tem se
divertido no meio da
rua, dentro da água, aqui
e ali...ali no céu .

Quero escrever um
verso que tenha um
pouco de ternura, que
me eternize como abraço

que se dá em criança,
que tenha a leve beleza
de contemplar o seu sono,
e que ao acabar, espalhe o
seu perfume pelo resto do futuro .

Quero fazer um verso de
atenção e segurança, e que
ele seja um pouco de diário
para que quando você o abrir
descubra que numa dessas
muitas noites que se foram,
eu deixei escapar um devaneio
dizendo que “...ouvir a chuva passeando lá fora e dentro da madrugada
me fez sentir vontade de morar aí, dentro de você. “