Não suporto a ideia de ter sido
tão orgulhoso a ponto de não
permitir ao menos uma simples
conversa entre a gente.
Fui mesmo muito pequeno
diante do que eu sentia.
(Mas confesso, você estava tão linda...)
As luzes, os convidados, as roupas
as bebidas, a música, os perfumes
a noite, tudo parecia ter sido feito
para aqueles segundos em que
os nossos olhares se encontraram .
Fiquei imóvel e em total silêncio
por alguns segundos, depois,
fiz aquela cara de paisagem
fingindo que estava tudo bem,
e que a sua presença ali
não era nem digna de ser notada,
mas por dentro, meu Deus!
Por dentro a guerra contra mim
mesmo já havia chegado à fronteira
que divide meu peito e minha garganta,
destruindo uma a uma as minhas defesas
fazendo o medo correr pelo meu sangue
e me dando a certeza de que se você
viesse me dar um abraço, apenas um
simples abraço, eu estaria em paz,
eu dormiria em paz, eu viveria em paz...
mas...você não veio, e eu não fui…
tomei alguns drinques,
joguei conversa fora,
observei um relógio com
os ponteiros parados, mas que
não impediram que o tempo e
a noite passassem tão depressa,
e hoje, depois de todo esse tempo
a lembrança e a certeza que ficam
são as de que você partiu e que o caminho
que você trilhou em mim ainda permanece aberto.