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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Permita-me

Permita-me enxugar as lágrimas que passeiam pelo meu rosto.

Permita-me não pensar mais em você, mesmo você tendo se tornado meu mais constante pensamento.

Permita-me dizer as mesmas palavras de antes, mas que floresçam por novas idéias.

Permita-me andar pelos mesmos caminhos, mas sabendo que posso dar outros passos em caminhos diferentes.

Permita-me fazer amor como você; pois é justamente nesse momento que deixo de ser eu, e me torno parte de um sonho real.

Permita-me ser aquilo que não sou quando você não está por perto: aquela chuva que não cai em meio ao deserto.

Permita-me te dizer que,mesmo você não estando aqui,eu sempre te encontro,e saiba que,se pelo destino,não venhamos mais a nos encontrar,eu estarei sempre aqui...

Permita-me.

(Poema feito quanto eu tinha 15 anos)

lembranças

Numa madrugada desconhecida, eis que acordo, abro os olhos, o corpo ainda cansado por não ter dormido o suficiente. Começo a ouvir vozes e passos, passeando pela casa, luzes se acendem e percorrem o caminho até os meus olhos lânguidos. Procuro forças para me levantar, as encontro na lembrança de que pessoas que muito amei, irão embora em  poucos instantes.
Ouço a voz de alguém perguntar por mim, me levanto por completo, procuro minhas sandálias, que parecem perdidas, as encontro e logo depois passo a mâo pelo rosto, na tentativa inócua de limpá-lo dos poucos vestígios deixados por poucas horas de sono.
Abro a porta do quarto e me deparo com muitas malas e muita disposição nos gestos daqueles que irão partir. Parecem mais felizes do que eu. No momento, não sinto nada de especial, meu coração bate no mesmo ritmo e a minha vontade era mesmo de voltar a dormir, mas de súbito, meu coração entra em quinta marcha, não sei como, mas fico um pouco mais alerta.
A impressão que dá é  que a ficha acaba de cair e se quebrar, mesmo tendo certa resistência. Um calafrio sobe pelos pelos da minha perna, acho estranho, pois está uma noite cálida. As palavras se escondem de mim e o que me sobra é apenas um canto da casa me dando seu ombro frio para eu recostar. Fico atônito quando me passa pela mente que estive durante dias na presença de pessoas as quais, em outros tempos, foram as mais importantes da minha vida e talvez as que mais amei, mas agora, em virtude de ter deixado de vê-las por muito tempo, tais sentimentos tivessem se afogado no mar da distância e o fato de elas estarem me deixando, não me trouxesse nem um pouco de sofrimento. As horas passeiam rapidamente pelos ponteiros do relógio, enfim,a hora da partida chega: abraços, beijos, alguns rostos molhados e eu quase inerte, sem saber como agir, fico um pouco triste, olho para a minha vó, e ao me ver olhando-a,   ela vem e me abraça com força e ficamos a observar juntos as luzes nas traseiras  dos carros que levam para longe aquelas pessoas.
A dor que invade meu coração e a minha alma não provêm da despedida e muito menos da saudade, mas me apunhá-la com uma sensação a qual nunca havia experimentado: a morte de um sentimento que outrora fora proclamado eterno, mas que acabara de ser sepultado nas minhas lembranças.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Diálogo com a vida


Há tempos que não escrevia nada e nem
sequer me lembrava de poesia,
andei ocupando a mente com outras
coisas;pessoas, livros, provas, saudades...

mas hoje pela manhã eu acordei
diferente demais para ser verdade,
como quem, ao abrir os olhos, tivesse
dado um bom dia para vida

e ela houvesse me respondido em
alto e bom som “bom dia para você também”
e me dizendo “ percebe como sou grande? vasta?
Estive e estou dentro de cada ser
que respira, nasço, cresço e morro há
séculos, e agora te faço companhia” .

Fiquei espantado com aquilo, e olhei
para o meu passado, não apenas para
o passado que eu vivi, mas para aquele
que viveram por mim, e que por isso
eu tive a chance de estar vivo hoje, e
novamente a vida soprou
“há geração e gerações de vida acumuladas em ti - há história nos seus olhos” .

Depois disso, eu percebi sim, a grandeza do
que é a vida, do que ela foi, e que continuará
sendo, tenho apenas vinte anos, mas sinto como se
tivesse vinte séculos. E a vida me perguntou “ e o que há de comum entre mim e a morte?”
Eu pensei um pouco e disse... “ simples, vocês sempre continuam ..."

sábado, 20 de novembro de 2010


Minha poesia é um canto
de um canto do mundo que
eu desconheço, mas que sinto.

Escrevo por distração
como quem
precisa dormir.

Anoiteceu nos meus
olhos, e eu percebi
que pequenas mudanças
mudam tudo,
e que o meu coração
não mais releva o que
a sua falta revela.

Às vezes me sinto criança,
e toda criança tem o seu
lado mundo, um jeito de
quem tenta colher o horizonte,

de quem sabe dar uma volta ao redor do sol
sem precisar de 365 dias, e de quem encontra
dentro do vento, um lugar para descansar
e fica a ver a vida passeando nas
asas de uma borboleta...



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ele, que muitos já pensavam ser “um menino-homem”, nunca havia
sentido dor como aquela, mas num dia de chuva, ele se
descobriu cheio de carinho e ternura, e perguntou
para a avó se ela o deixaria fazer uma massagem
em seus pés, (que ele achava os mais bonitos do
mundo, só porque eram número trinta e quatro, pode uma coisa dessa ?)
ela, toda surpresa, disse que nunca havia recebido uma
massagem, e ele disse que não havia problema, faria
assim mesmo, pois já era um especialista no assunto
(mas na verdade,mal sabia o que estava fazendo).
Naquela tarde, ele teve a tênue impressão de que sete
décadas estavam caminhando pelas suas mãos, no mais
absoluto silêncio, e descobriu que com a ajuda das
pessoas que se ama, e com atitudes de simplicidade, é possível reinaugurar
felicidades, mesmo estando destruído por dentro, e então
sem perceber, o menino se tornou homem, numa tarde de chuva.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pela manhã tudo ficou azul
pela tarde já era um cinza,
à noite era breu, tu eu, azul e cinza.

Vestido rodado, rodado, rodado...
seria um pano de mesa?
Não sei a resposta certa
e quem é que sabe ?

É maldade abandonar seu bosque
sem antes não haver sequer me perdido,
sem ter dado tudo de mim
sem ter tido tudo de ti.

Na estrada não há mais nada, nada.
Tudo está além do meu alcance,
todos os seus nuances, e todas as
suas risadas.

Preciso parar, parar com isso
deixar a poesia de lado,
deixar de querer andar de nuvem e
de gostar do que eu gosto.

Mas a chuva canta a mesma música,
e cada pingo tem o mesmo som
quando bate no telhado, quanto bate em mim,
quando bate nas pedras, quando bate em nós.

Como fazer para abandonar
um pouco de si mesmo ?
O que fazer para parar o tempo ?

Eu vi oito décadas numa foto
3 x 4, eu vi, sem que elas tivessem
passado por mim, nem eu por elas.

Eu vi um sorriso no lugar do choro
na hora de ir embora.
Eu fui, mas sinto que fiquei,
e também trouxe ...

O passado é um barco que navega
por todo o oceano e de vez em quando
aporta no cais da nossa memória, trazendo
consigo as mais belas paisagens; gaivotas
dançando no céu, a água nos fazendo um
convite, mas ás vezes, traz dias de tempestade
tristeza e solidão.

Hoje eu descobri que não existem segredos
e tudo me veio assim, azul e cinza, azul e cinza...
 
Toda noite, por quase
a noite toda, é sempre
o mesmo caminho, a

mesma história, as
lembranças estalam
no lombo da memória.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sujeira na louça?
Se não tem jeito
vai à força.
Todo dia o mundo acaba
pelos menos para os
que não sentem mais nada.
Governante diferente mas
nada de novo, todos
usufruem da ignorância do povo.
Escrevo e acho que
estrago, não ver de novo
para mim é um afago .
Luz apagada, descanso
profundo, nada mais é
que viagem a outro mundo .
Nem te conto;
todo o dia adia
o nosso encontro

Noite adentro
sons estranhos
discutem com o vento.

hai cai

No jogo não se sente a ferida
pode -se num botão
iniciar uma outra vida.

domingo, 24 de outubro de 2010

Olha ...eu preciso confessar: eu sinto muito.
Eh! Sinto muito, mesmo. Eu me importo com
cada coisa pequena, terrena, distante ou próxima,
que parece não ter importância, mas que eu me importo.
Ás vezes eu observo uma formiga tentando carregar
uma folha bem grande. Imagino o trabalho
que ela deve estar tendo para fazer aquilo .
E às vezes, quando a folha cai das “mãos” da formiga
, sinto uma pena. Dá uma vontade de ajudar, mas não
faço nada, apenas observo e sinto.
Há algum tempo eu encontrei um álbum bem
antigo que pertencia ao meu avô, e comecei a
ver pessoas e lugares que eu nunca cheguei a
conhecer, seus rostos, com sorrisos simples, suas
roupas, a vida simples, em casas mais simples
ainda, a satisfação simples de estar tirando
uma foto(Gente de verdade !).
Perguntei quem eram e ele foi me dizendo
o nome de cada uma, a importância de
cada uma, o papel que todos desempenharam
na vida dele. Depois disso ele parou por um instante.
Ficamos em silêncio (Deu até para ouvir o relógio martelando o tempo. A janela estava aberta e entrou um vento desses que leva um pedacinho da gente, e o meu avô...fundo, respirou e me inspirou saudade) Eu senti aquilo tudo, em fração de segundos, como se fosse meu, como se aquelas pessoas tivessem feito parte de toda a minha vida, como se eu soubesse os segredos delas e elas os meus, senti as risadas, as lágrimas, as discussões, a distância que as separava do meu avô, os sonhos e a dor. Fechamos o álbum e ele disse com tristeza, com muita tristeza, que a maioria daquelas pessoas não mais existiam, e as que existiam,
ele nunca mais havia visto. E eu disse:” vô, eu sinto muito, sinto muito mesmo” .

quarta-feira, 20 de outubro de 2010



Se me pedisses para eu não te olhar
eu saberia exatamente o significado
do impossível, pois até as nuvens
te espiam quando você passa...

O avozinho, ao te ver
descuida-se do neto pequeno
e arrepende-se de já ser avô
enquanto o netinho, perdido
pergunta-se o motivo de já não
ser um pouco mais velho.

Se mesmo quem não pode ver
sabe da sua presença
(pois o cheiro de flor se percebe pela ponta no nariz e ...)

Se até as pessoas sem graça
quando te veem, tentam
pensar em algo engraçado
para poder te dizer,
só para deixarem de ser o que
são através do seu sorriso.

Se até as lembranças daqueles que te conhecem,
fazem de tudo para aparecer
no momento em que vocês
se encontram, só para permitir ao dono delas
um pouco mais de tempo na sua presença.

Se até a lâmpada daquele poste
do outro lado da rua acende-se
quando percebe que você está chegando
e quando você se vai, de tristeza, ela volta à escuridão.

Se até suas lágrimas quando caem, não usam
para-quedas, porque mesmo antes de percorrerem seu
rosto de céu, já sabem, só pela vista,
que não existe aventura que traga
mais perigo e mais prazer do que esta.

Se até o poema sentiu vontade de surgir
quando soube que era para ti, e mesmo depois
de pronto, não chegou ao fim
transformou-se na metáfora do seu ser...

...não há como deixar de te admirar e não
há como não perceber quanto sabes ser especial.
Digo-te apenas que tenhas cuidado
pois há homens que dizem amar uma
mulher para conquistá-la, e você por ser tão linda
os encontrará em seu caminho,
mas ainda existem alguns poucos
que primeiro te conquistam e só
depois declaram o amor que têm.

sábado, 16 de outubro de 2010

Venha ver,
amor
vou voar
vendo você
ficar, talvez
sem dor.
Enchendo os vasos
várias vezes
não de flores
mas de versos
verdadeiros
sem saída
que pela noite
venham a
vagalumear -me
a vida.
À espera
ficarás,
até o dia
do olho a olho
sem choro
sem saudade,
sei que pedir
isso é maldade
mas é a minha
forma de consolo.



terça-feira, 7 de setembro de 2010

Cada sentimento

Sei lá se é certo fazer o que faço, da maneira como faço, e ás vezes me arrepender...

Sei lá se os caminhos que as palavras seguem, são os mesmos seguidos pelo pensamento...

Sei lá se repetir as coisas é algo que agrada ou faz mal...

Sei lá se dar a resposta certa é o melhor, ou se seria melhor falar o que se pensa...

Sei lá se estou gostando de você ou se essa é mais uma brincadeira de um bobo coração...

Sei lá se paro no sinal verde ou se ando no vermelho...

Sei lá se te dou um beijo, ou se apenas imagino fazendo-o...

Sei lá se o momento que me cerca é o ideal para pensar em você...

Ou se pensar em você se tornou algo presente em todos os meus momento...

Sei lá...