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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tenho veneração pela palavra
saudade, e respeito
pela palavra azul.

Há tempos que morro e
continuo morrendo, e
há dias que nasci e
continuo a nascer.

Tenho destruído todos os
meus sentidos quando
os uso, e vou me acumulando
para inundar-me e me
transbordar num poema.

Às vezes eu choro, e prefiro
pensar que minha alma está
varrendo a terra, e quando
me sento numa sombra, ela
me carrega para dentro
e eu sinto todo o universo
que eu nunca poderei ver.

Enxergo a paixão como
o amor quando ainda criança,
e prefiro chamar de loucura
as essas coisas maravilhosas
que sinto, mas que nunca
vou conseguir dizer.

Aprendi a gostar do “eu amo você”
que não é dito, mas fica implícito
naquele sorriso que eu
me reconheço como alvo.

Um poema me disse ser muitos
momentos em um só, e hoje...hoje um
verso me olhou como quem olha
de dentro da própria casa, saiu,
veio me cumprimentar, cravando
seu nome em minha mão.

terça-feira, 12 de abril de 2011


Por que ser início, meio ou fim?
-Eu prefiro é ser estrada.

Por que verão ou inverno?
-Eu estou no passar do tempo.

Por que o samba ou rock?
-Eu gosto é de música.

Por que a loira ou a morena?
-A mulher é o encanto.

Por que a praia ou interior?
-Eu gosto é de viajar.

Por que short ou calça?
-Eu quero é me sentir bem.

Por que não decide o que quer?
-O que eu quero é o momento
e tudo o que está por fora ou por dentro,
seja lá o que for.

Por que pensas assim?
-Não sei, e nunca vou saber,e se eu soubesse
deixaria de ser eu .

Por que és tão contraditório ?
-As coisas têm muitos lados; contradição
pode ser sinônimo de sua capacidade de perceber
essas nuanças, mas nem por isso, ter tanta certeza.

Por que não me deu as respostas
que eu queria?
-Porque eu falei o que eu penso,
e isso vai além do que você quer .

Por que és poeta ?
-Porque eu não tenho certeza.
Tem certeza disso?
-Também não!

( Espíritos como o meu nunca chegam ao final de nada...para eles , a chegada é o início de um novo retorno …)



sábado, 9 de abril de 2011

Não quero

Não quero dizer o que sinto, se o que sinto não modificar nada após eu dizê-lo...
Não quero me apaixonar por alguém que não tenha a mesma sorte que  eu tive...
Não quero mudar o mundo, se o mundo, por mim, não quiser ser mudado...
Não quero ser justo com aqueles que riem da justiça...
Não quero esperar as coisas acontecerem por elas mesmas, talvez elas nunca se sintam à vontade para  acontecer, só porque estavam  à minha espera...
Não quero permitir que o dia passe por mim, sem ouvir de mim um “bom  dia”...
Não quero que o nascer do sorriso de alguém que amo não me tenha como expectador ávido pela sua chegada...
Não quero desperdiçar o meu tempo com coisas que não me fazem bem...
Não quero perder meus amores, mesmo que para isso eu precise combater a mim mesmo...
Não quero me despedir de você sem saber que ambos ficaram à espera do reencontro...
Não quero pensar que terminei algo e depois de um tempo sentir a dúvida se errei ou acertei...
Não quero viajar só para dizer que viajei, quero sentir saudades de casa e quando voltar, querer voltar novamente...
Não quero acabar de fazer um poema, quero que ele se sinta à vontade, dentro ou fora de mim, dentro para se perder e fora para me encontrar...
(Texto que encontrei num caderno que usei em 2006, nem me lembrava mais)