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sábado, 10 de agosto de 2013

Sempre que eu nos imaginava juntos, eu me via nas ruas da sua cidade, sendo levado por você a visitar os lugares, cantos, bares, sabores e sossegos de sua terra. Você ia me mostrando a casa onde você cresceu, a praça onde você brincava quando criança, o banco onde deu o seu primeiro beijo, (e eu ainda sentiria uma pontinha de ciúmes) a mercearia onde a sua mãe te mandava fazer pequenos favores, a escola onde você iniciou os estudos, a árvore que te oferecia sombra nos dias de muito sol, o quintal do vizinho, que era um lugar proibido, o por do sol visto do ponto mais alto, a rua onde as crianças costumam brincar até os pais as recolherem para tomar banho... Você ia me dizendo coisas de sua vida, enquanto eu só conseguia te olhar, sem dar muita atenção às palavras, mas com um semblante de desejo e carinho. Dávamos risadas, e você, ao final de algumas delas, dizia “bons tempos aqueles”, e eu, sem nunca ter estado ali, falava “verdade, bons tempos mesmo”, e eu me apaixonava de novo pela maneira como você ria, e olhava para você espantado, te achando a mulher mais linda que a tua cidade vira crescer.  

sexta-feira, 29 de março de 2013

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


A saudade sabe ser onipresente:
é tanto de quem parte... como de
quem fica.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Andei me recordando dos amores que não conquistei por pura inanição da minha parte. Por falta de coragem. Pelo medo de um “não”. É, O chamado amor platônico dói. Dói antes de irmos dormir, quando acordamos durante a noite, e até de manhãzinha. Dói quando vemos a pessoa passeando nas ruas com outras pessoas. Dói quando vamos comprar pão à tarde e alguém semelhante à pessoa nos engana. Dói quando abrimos o portão de casa para olhar a rua, com uma esperança displicente de quem sabe a pessoa pudesse estar ali, prestes a te chamar para lhe dar um sorriso ou um abraço, mas não está. Dói enquanto fazemos o caminho de volta para casa e olhamos paras os lados tentando, em vão, avistar a pessoa e por ela, ser visto. Dói enquanto assistimos a um filme e viajamos na estória do casal, que poderia ser a nossa, mas não é. O chamado amor platônico machuca quando queremos mais atenção da pessoa, mas só ganhamos um “oi”, ou uma educação disfarçada. O amor platônico dói enquanto estamos lendo no sofá da sala e uma palavra nos remeta à pessoa, ou enquanto ouvimos música no quarto e a letra nos faz viajar... sozinhos. Dói quando vemos a pessoa se interessando por outras pessoas que não a gente. O chamado amor platônico dói porque no fundo sentimos que a pessoa já nos pertence, mesmo sem nos pertencer.