Ontem eu percebi algo tão óbvio: as pessoas morrem!
Mas foi preciso tanto tempo para eu perceber isso, foi preciso acontecer tanta coisa.
Ver os chinelos escorados na parede, fazendo-me lembrar daquele jeito de caminhar, abrir o guarda-roupa e ver as blusas de botão, e sentir aquele cheiro trazer uma saudade monstro, daquelas capazes de amedrontar e entristecer qualquer ser com um pouco de sensibilidade. Andar descalço pela casa e perceber que os cômodos, juntos com o quintal, continuam do mesmo tamanho, mas agora, sem nenhuma explicação, estão tão grandes, tão vazios. Ver a escova de dentes e não ver mais aquele sorriso, ver esse sorriso numa foto, em cima da estante, e sentir uma camada densa de tristeza, levando um arrepio pela espinha, até chegar nos olhos. Ouvir o telefone tocar, com o mesmo toque de antes, e ouvir esta voz dizendo, sem dizer, que aquela voz não mais existe (apenas dentro de você). Deparar-me com pessoas que ainda não sabiam, e sentir mais uma vez a surpresa triste. Olhar para os óculos em cima da mesa e me lembrar daquele jeito único de olhar, segurar um presente que você recebera da pessoa, e ter a certeza de que você daria tudo, para que quem estivesse presente, fosse ela, e não apenas as muitas lembranças. Passar nas ruas e avistar alguém parecido, dando-lhe outra vez a constatação... a vida é curta demais, a vida é curta demais, mas a dor e a saudade, estas são gigantes.
(Desconfio que poucas coisas no mundo são mais verdadeiras que as lembranças )
Carpie Diem*
Carpe Diem!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiro comentário que sem querer foi apagado.. rsrs
ResponderExcluir"Desconfio que poucas coisas no mundo são mais verdadeiras que as lembranças"
Depois disto não há o que comentar..
ooooooooo
ResponderExcluirrsrsrs
yes,mona
Fazia tempo que eu nao lia nada que me emocionasse a ponto de me fazer chorar.. vc descreveu isso tão bem que chega a dar medo...
ResponderExcluirparabéns por usar seu dom tão direitinho
:)
Brigado, Paixão!
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