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domingo, 24 de julho de 2011



Da mulher que amo nada sou, e dos sonhos que tive, pouco possuo. Vejo as planícies e planaltos por onde o meu coração viajou, e nele há deserto e imensidão até onde a minha vista não alcança, mas também há coisas tão pequenas e sutis que quem pisa nem percebe, e não chega a ver a dor que se esfacela no desprezo. Da realidade que me achava certo, eu vivia como quem nada esperava, ou não sabia esperar, só vivia. De criança, apenas brincava, e minhas preocupações eram, para os outros, meras bobagens, e eu não sabia, mas o gosto das bobagens daquelas manhãs azuis de domingo nunca passou, e hoje, um estranho gosto de espanto me balança a alma, e é o mesmo que sinto quando o vento balança a roupa no varal, ou as folhas nos coqueiros. Hoje, o tal gosto de espanto, que eu desconheço a receita, tornou-me intenso e triste, realista, mas também sonhador, e me fez saber que a mulher que eu amo não existe, e que algumas pessoas são apenas sonhos que a gente tem, e que tudo isso, para os outros, continua a ser uma mera bobagem...

5 comentários:

  1. Penso que quando alguém descreve a realidade de forma poética, mostrando essa beleza triste das coisas como são, e fazendo ser mais belo que triste, é porque é poeta feito!

    Parabéns, muito bom, poeta querido!

    Beijo

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  2. Obrigado, Paixão!
    E é tudo bobagem, mona, tudo...
    rs

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  3. a mulher que eu amo não existe mais... (2)

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