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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Nas ruas de minha infância 
as casas estão todas em ruínas. 
Estou à espera dos meus trinta anos
com a mesma calma de quem ganha
um carinho amoroso, e com o mesmo 
medo de criança deixada sozinha em alguma
esquina desconhecida.

A minha saudade, de muitas cores,
leva tempo para aparecer, e é
como um viajante que vai colecionando
lembrancinhas de todos os lugares
por onde passou.

Conheço pessoas que me conquistaram
pelo sorriso, e pela maneira como
me olharam. Vejo, por baixo da minha lágrima
que a morte é uma afronta, um desrespeito
a quem está vivo, e sinto este silêncio,
este silêncio atravessado pelo vento,
e este vento balançando as flores na terra...
Sinto ser o vento e o silêncio de um pós-guerra.

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