Páginas

domingo, 24 de outubro de 2010

Olha ...eu preciso confessar: eu sinto muito.
Eh! Sinto muito, mesmo. Eu me importo com
cada coisa pequena, terrena, distante ou próxima,
que parece não ter importância, mas que eu me importo.
Ás vezes eu observo uma formiga tentando carregar
uma folha bem grande. Imagino o trabalho
que ela deve estar tendo para fazer aquilo .
E às vezes, quando a folha cai das “mãos” da formiga
, sinto uma pena. Dá uma vontade de ajudar, mas não
faço nada, apenas observo e sinto.
Há algum tempo eu encontrei um álbum bem
antigo que pertencia ao meu avô, e comecei a
ver pessoas e lugares que eu nunca cheguei a
conhecer, seus rostos, com sorrisos simples, suas
roupas, a vida simples, em casas mais simples
ainda, a satisfação simples de estar tirando
uma foto(Gente de verdade !).
Perguntei quem eram e ele foi me dizendo
o nome de cada uma, a importância de
cada uma, o papel que todos desempenharam
na vida dele. Depois disso ele parou por um instante.
Ficamos em silêncio (Deu até para ouvir o relógio martelando o tempo. A janela estava aberta e entrou um vento desses que leva um pedacinho da gente, e o meu avô...fundo, respirou e me inspirou saudade) Eu senti aquilo tudo, em fração de segundos, como se fosse meu, como se aquelas pessoas tivessem feito parte de toda a minha vida, como se eu soubesse os segredos delas e elas os meus, senti as risadas, as lágrimas, as discussões, a distância que as separava do meu avô, os sonhos e a dor. Fechamos o álbum e ele disse com tristeza, com muita tristeza, que a maioria daquelas pessoas não mais existiam, e as que existiam,
ele nunca mais havia visto. E eu disse:” vô, eu sinto muito, sinto muito mesmo” .

5 comentários:

  1. Sabe, esse foi um dos melhores...
    é triste saber que o que amamos e o que é importante se vai com o tempo...
    só nos restando saudades de boas lembranças, que infelizmente morreram com agente...
    Mas de uma coisa eu sei, não se morrer só, quando se morre com bons tempos em velhas lembranças...

    Parabéns Dary, com A depois do D ^^

    ResponderExcluir
  2. Avós são lindos *-*
    Eu perdi meu avô paterno, quando criança, o vi apenas uma vez na minha existência. Pouco soube da vida dele, mas a mim fora destinada a última carta que escreveste.
    Guardo com muito carinho, a carta, ainda no envelope e um retrato 3x4.
    Sorte do seu avô ter encontrado pessoas na vida, que preencheram vazios que tantos esperam ser preenchidos, e nunca são.
    O tempo age por vontade própria mesmo, mas as coisas feitas num certo período dele, o transcendem. Vão além. Foi além do passado, permanece no presente e permanecerá por outros no futuro, no caso do seu avô, você.

    Rico este momento, momentos assim são eternos, e se há a possibilidade de registrá-los, melhor fazê-lo...

    "abrindo um antigo caderno
    foi que descobri:
    antigamente eu era eterno"

    Um beijo!

    ResponderExcluir
  3. Nuss..
    Esse foi de FATO um dos melhores...
    Ta ficando Melhor a cada dia heim Derynho!!
    abraçoo!

    ResponderExcluir
  4. Às vezes sentir dói, não é mesmo?

    ResponderExcluir